O narrador do livro vive do risco de ter de opinar sobre o filme errado na hora errada – e de fugir de pré-estreias como se fossem incêndios.
Guto (o José Augusto dos créditos) é um desses: trabalha em programas populares, sonha com uma comédia “de verdade” e passa a vida entre a sala dos roteiristas, os bastidores da tv e a guarda compartilhada do próprio humor.
Até que um encontro fortuito com Martinha, colega de faculdade, reabre a porta para um passado enterrado sob azulejos alvinegros: a casa da Barra, a piscina do pai, um sócio, um produtor babaca e um mistério que respinga até hoje.
Beto Silva, craque do riso e da observação de costumes, transforma o making of da indústria audiovisual num romance de formação tardia – com investigação, amor interrompido, paternidade e vaidades de camarim.
O leitor circula por reuniões em que todo mundo chega atrasado e por sets onde as ideias “geniais” dos influenciadores exigem reescritas infinitas, enquanto um detetive improvável e um primo distante atravessam a história como quem atravessa uma cena para mudar a marcação. Entre um “divertido” dito para salvar amizades e um “intenso” usado para driblar a sinceridade, o livro espelha o dilema de quem escreve comédia num país em que o riso também é campo de batalha moral.
Com prosa ágil, divertida e cheia de arestas (como convém), Beto equilibra o bastidor e a memória, o presente precário e a herança opaca.
A piscina – símbolo de afeto, privilégio e culpa – vira eixo afetivo e dramático: lugar onde o pai conversava mais com os outros do que com o filho, cenário de uma amizade que azedou, espelho d’água em que boiam as perg
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